Walter Pereira - Tribunadointerior.com.br
Policiais do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco) de Maringá cumpriram na tarde desta quarta-feira (12) mandado de busca
e apreensão de documentos na prefeitura de Campo Mourão. A ação foi uma
continuação da operação iniciada na semana passada, em que foi desarticulado um
“esquema” de arrecadação de dinheiro com descontos dos salários de servidores
de Cargos Comissionados (CC’s). Além de documentos, foi apreendido também um
computador e uma agenda, que seria do chefe de gabinete da prefeita Regina
Dubay (PR), Raimundo Machado, apontado nas investigações como um dos
responsáveis pelo recebimento dos repasses.
O coordenador geral do município, Carlos Garcia, não quis
falar sobre o caso. O delegado do Gaeco, Elmano Rodrigues Ciriaco não repassou
detalhes da apreensão à imprensa. Sabe-se que alguns servidores foram
notificados a prestar depoimentos nos próximos dias. A procuradora geral, Carla
Zagoto, acompanhou os trabalhos. Os policiais chegaram à prefeitura por volta
das 16 horas e deixaram o local somente no final da tarde. As primeiras
informações eram que o mandado de busca e apreensão seria realizado também em
algumas secretarias, mas não ocorreu.
Além de depoimento ao Gaeco, funcionários e ex-funcionários
que ocuparam cargos em comissão na prefeitura também procuraram a Câmara de
Vereadores para denunciar o esquema de cobrança compulsória de parte dos
salários pagos. Uma ex-funcionária revelou ao presidente do Legislativo, Pedro
Nespolo (SDD), como ocorria a arrecadação, quem pagava e para quem era entregue
os valores. Depoimento com teor semelhante também foi prestado pela depoente na
sede do Gaeco. Na gravação, o chefe de gabinete, Raimundo Machado, é apontado
como responsável por centralizar a coleta em sua sala, localizada ao lado do gabinete
da prefeita Regina Dubay.
O caso
O “esquema” foi desarticulado durante operação do Gaeco na
quarta-feira da semana passada. Na ocasião, o diretor da secretaria da Saúde,
Anselmo Junior Camargo, foi preso em flagrante com R$671 e confessou que o dinheiro
era repasse de salário de CC’s. Ele foi solto na segunda-feira e está
trabalhando normalmente na secretaria da Saúde. O delegado do Gaeco, Elmano
Rodrigues Ciriaco, afirmou que há indícios suficientes que comprovam a
existência de formação de quadrilha, organizada no alto escalão da prefeitura
com a finalidade de arrecadar dinheiro proveniente do salário de vários CC’s.
Durante os quatro anos de mandato da atual administração, o “esquema” poderia
arrecadar cerca de R$1,8 milhão. O valor é baseado em informações da Câmara de
Vereadores, que divulgou durante audiências públicas que o gasto mensal com
CC’s soma R$700 mil, dinheiro que somado ao 13º salário perfaz em quatro anos
R$36,4 milhões para um percentual de 5% do esquema de contribuição que em quatro
anos poderia arrecadar R$1,8 milhão.
Em nota, prefeitura reafirma que está contribuindo com
investigações
Logo após a apreensão de documentos e um computador na
prefeitura, a assessoria de comunicação do município divulgou “nota oficial”
reafirmando que está à disposição do Gaeco para colaborar com as investigações.
O comunicado, assinado pela procuradora geral, Carla Zagoto, e o coordenador
geral, Carlos Augusto Garcia, diz que prefeitura está seguindo com “máxima
presteza” e aberta a colaborar com as autoridades sempre que fizer necessário
de forma a elucidar os fatos.
“Desta forma atendeu de pronto nesta tarde [ontem] o delegado
Elmano Rodrigues Ciríaco e mais dois agentes, que vieram ao Paço Municipal em
busca de informações e esclarecimentos de pontos do inquérito, bem como
entregou notificações para depoimentos de servidores nos próximos dias”, diz um
trecho da nota.
|