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Câmara rejeita criação de Comissão para apurar denúncias na prefeitura
19/02/2014 10:02:27
 
 
 

 

Por Walter Pereira - Tribuna do Interior

Por 7 votos a 5, a Câmara de Vereadores rejeitou ontem à noite a criação de uma Comissão Especial (CE) para apurar denúncias de esquema de arrecadação com dinheiro descontado de salários de Cargos Comissionados (CC’s) na prefeitura de Campo Mourão. O escândalo foi desarticulado pelo Grupo Especial de Atuação Contra o Crime Organizado (Gaeco) de Maringá há cerca de três semanas. As investigações pelo Grupo ainda estão em andamento.

Votaram contra a comissão os vereadores: Eraldo Teodoro de Oliveira (PMDB); Jorge Pereira (PR); Isidoro Moraes (PP); Edilson Martins (PSD); Toninho Machado (PR); Nelita Piacentini (PSD) e Vilma Terezinha (PT). Já os vereadores Luiz Alfredo da Cunha Bernardo (PT do B); Olivino Custódio (PR); Elvira Schen (PPS); Sidnei Jardim (PPS); e Pedro Nespolo (SDD) foram favoráveis. Edson Battilani (PPS) presidiu a casa no momento da votação por isso não votou.

O requerimento propondo a criação da CE foi protocolado na segunda-feira em regime de urgência pelo presidente da Câmara Pedro Nespolo, mas não foi votado, sendo levado em discussão pelo plenário na noite de ontem. Foram quase duas horas de debate até a votação. A exemplo de anteontem, várias pessoas compareceram à sessão para acompanhar a votação, que teve também acompanhamento policial.

A decisão dos vereadores contraria recomendação da própria Promotoria de Justiça do Gaeco, que propôs à Câmara a criação de uma Comissão Processante (CP) para apuração dos fatos. “Quero acreditar que houve um mal entendido. Se um servidor ter denunciado não for prova suficiente para apurarmos o caso eu não sei o que é prova”, lamentou o presidente da Câmara Pedro Nespolo (SDD). “Embora derrotado e respeitando a democracia do plenário me sinto vitorioso pela minha consciência e acho que fiz o que é certo”, emendou.

O vereador Sidnei Jardim (PPS), lamentou a rejeição. “O que essa casa quer é simplesmente abrir a comissão para apurar se houve irregularidade ou não. Queremos dar resposta para sociedade que está cobrando que essa casa faça alguma coisa”, falou. Luiz Alfredo, que também votou favorável disse acreditar que a prefeita é “vítima” e está sendo coagida dentro da própria prefeitura. “Votei [favorável] para que a prefeita crie juízo e não ache que aqui é parquinho para brincar. Aqui não é a casa da Barbie”, frisou.  “Não querem analisar não tem problema, mas eu continuo a minha independência e minha autonomia”, acrescentou.

Já o vereador Olivino Custódio que também foi favorável a criação da comissão, disse que foi “condenado” porque avisou a prefeita Regina Dubay (PR) que tinha “coisa errada” na prefeitura. “Fui mais de dez vezes avisar. Quando falei que não estava certo falaram que o Olivino era errado. Fui perseguido em vários momentos em vários sentidos, foi dada ordem para várias secretarias não receber o vereador Olivino. Eu sou parceiro do município de Campo Mourão e aqui ninguém está condenando ninguém”, ressaltou.

“Não podemos colocar o carro na frente dos bois”, diz Isidoro

O vereador Isidoro Moraes (PP), que votou contra a criação da Comissão, justificou o voto contrário alegando que ainda não há provas suficientes que incriminem Regina. “Não podemos colocar o carro na frente dos bois. A hora que chegar os documentos nesta casa de leis quero ser o primeiro a votar. Jamais me furtei da minha função”, falou.

O vereador disse que quer “ser justo” e não votaria a criação de uma comissão por pressão. “Sou independente, não devo obrigação nenhuma para Regina ela também não me deve. Hoje eu não voto a favor dessa comissão, mas assim que chegar os documentos encaminhados pelo Ministério Público ou Gaeco, vocês podem ter certeza que o que for para votar eu vou votar”, acrescentou.

Todos os demais vereadores que votaram contrários à criação da Comissão Especial justificaram falta de provas contra a prefeita. Para a vereadora Vilma Terezinha (PT), o nome de Regina se quer foi citado nas investigações do Gaeco. “Vou sim votar contrário com a maior hombridade e muita tranquilidade sobre esse assunto. Eu não vi ninguém dizer que o nome da prefeita está envolvido. Estou botando minha cara num voto de confiança”, argumentou ela, contrariando a formação da CE.  Segundo a vereadora, a afirmação do Gaeco, de que há uma quadrilha no alto escalão da prefeitura, “é muito séria”. “Já está criminalizada a situação, dificilmente se volta atrás”, ponderou.