Por Walter Pereira - Tribuna do Interior
Por 7 votos a 5, a Câmara de Vereadores rejeitou ontem à
noite a criação de uma Comissão Especial (CE) para apurar denúncias de esquema
de arrecadação com dinheiro descontado de salários de Cargos Comissionados
(CC’s) na prefeitura de Campo Mourão. O escândalo foi desarticulado pelo Grupo
Especial de Atuação Contra o Crime Organizado (Gaeco) de Maringá há cerca de
três semanas. As investigações pelo Grupo ainda estão em andamento.
Votaram contra a comissão os vereadores: Eraldo Teodoro de
Oliveira (PMDB); Jorge Pereira (PR); Isidoro Moraes (PP); Edilson Martins
(PSD); Toninho Machado (PR); Nelita Piacentini (PSD) e Vilma Terezinha (PT). Já
os vereadores Luiz Alfredo da Cunha Bernardo (PT do B); Olivino Custódio (PR);
Elvira Schen (PPS); Sidnei Jardim (PPS); e Pedro Nespolo (SDD) foram
favoráveis. Edson Battilani (PPS) presidiu a casa no momento da votação por
isso não votou.
O requerimento propondo a criação da CE foi protocolado na
segunda-feira em regime de urgência pelo presidente da Câmara Pedro Nespolo,
mas não foi votado, sendo levado em discussão pelo plenário na noite de ontem.
Foram quase duas horas de debate até a votação. A exemplo de anteontem, várias
pessoas compareceram à sessão para acompanhar a votação, que teve também
acompanhamento policial.
A decisão dos vereadores contraria recomendação da própria
Promotoria de Justiça do Gaeco, que propôs à Câmara a criação de uma Comissão
Processante (CP) para apuração dos fatos. “Quero acreditar que houve um mal
entendido. Se um servidor ter denunciado não for prova suficiente para
apurarmos o caso eu não sei o que é prova”, lamentou o presidente da Câmara
Pedro Nespolo (SDD). “Embora derrotado e respeitando a democracia do plenário
me sinto vitorioso pela minha consciência e acho que fiz o que é certo”,
emendou.
O vereador Sidnei Jardim (PPS), lamentou a rejeição. “O que
essa casa quer é simplesmente abrir a comissão para apurar se houve
irregularidade ou não. Queremos dar resposta para sociedade que está cobrando
que essa casa faça alguma coisa”, falou. Luiz Alfredo, que também votou
favorável disse acreditar que a prefeita é “vítima” e está sendo coagida dentro
da própria prefeitura. “Votei [favorável] para que a prefeita crie juízo e não
ache que aqui é parquinho para brincar. Aqui não é a casa da Barbie”,
frisou. “Não querem analisar não tem
problema, mas eu continuo a minha independência e minha autonomia”,
acrescentou.
Já o vereador Olivino Custódio que também foi favorável a
criação da comissão, disse que foi “condenado” porque avisou a prefeita Regina
Dubay (PR) que tinha “coisa errada” na prefeitura. “Fui mais de dez vezes
avisar. Quando falei que não estava certo falaram que o Olivino era errado. Fui
perseguido em vários momentos em vários sentidos, foi dada ordem para várias
secretarias não receber o vereador Olivino. Eu sou parceiro do município de
Campo Mourão e aqui ninguém está condenando ninguém”, ressaltou.
“Não podemos colocar o carro na frente dos bois”, diz Isidoro
O vereador Isidoro Moraes (PP), que votou contra a criação da
Comissão, justificou o voto contrário alegando que ainda não há provas
suficientes que incriminem Regina. “Não podemos colocar o carro na frente dos
bois. A hora que chegar os documentos nesta casa de leis quero ser o primeiro a
votar. Jamais me furtei da minha função”, falou.
O vereador disse que quer “ser justo” e não votaria a criação
de uma comissão por pressão. “Sou independente, não devo obrigação nenhuma para
Regina ela também não me deve. Hoje eu não voto a favor dessa comissão, mas
assim que chegar os documentos encaminhados pelo Ministério Público ou Gaeco,
vocês podem ter certeza que o que for para votar eu vou votar”, acrescentou.
Todos os demais vereadores que votaram contrários à criação
da Comissão Especial justificaram falta de provas contra a prefeita. Para a
vereadora Vilma Terezinha (PT), o nome de Regina se quer foi citado nas
investigações do Gaeco. “Vou sim votar contrário com a maior hombridade e muita
tranquilidade sobre esse assunto. Eu não vi ninguém dizer que o nome da
prefeita está envolvido. Estou botando minha cara num voto de confiança”,
argumentou ela, contrariando a formação da CE.
Segundo a vereadora, a afirmação do Gaeco, de que há uma quadrilha no
alto escalão da prefeitura, “é muito séria”. “Já está criminalizada a situação,
dificilmente se volta atrás”, ponderou.
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