Balanço dos seis primeiros meses de 2014, Ano Internacional
da Agricultura Familiar, mostra que o mundo está prestando mais atenção ao
setor
POR SÉRGIO DE OLIVEIRA
Em julho passado, decorridos seis meses do Ano Internacional
da Agricultura Familiar, instituído pela ONU, foi feito o primeiro balanço das
iniciativas ao redor do mundo voltadas para a promoção do segmento responsável,
no Brasil, por 70% dos alimentos que chegam às nossas mesas. O resultado é
animador.
De acordo com o relatório produzido pela equipe de
coordenação, neste período foram mobilizadas mais de 600 entidades (entre
organizações de agricultores, ONGs, ministérios, institutos e universidades)
nos cinco continentes com o objetivo de promover a agricultura familiar e
pleitear políticas públicas de apoio ao setor. Iniciativas como a brasileira,
de compras governamentais para escolas, presídios e hospitais públicos, por
exemplo, estão sendo replicadas ao redor do planeta.
No último final de semana a 11ª Feira da Agricultura Familiar
(Agrifam), realizada em Lençóis Paulista (SP), foi uma boa mostra da
mobilização que o decreto da ONU provocou: segundo Braz Albertini, presidente
da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp),
realizadora do evento, nunca se viu tanta participação de órgãos públicos e
empresas na feira. Ele se refere, especificamente, às instituições de pesquisa
– só a Embrapa levou para a Agrifam dezenas de tecnologias voltadas para o
segmento, de 11 unidades de vários Estados. Instituto Agronômico de Campinas
(IAC), Fundação Instituto de Terras, Secretaria de Agricultura Familiar do
Ministério do Desenvolvimento Agrário e CATI, além do Sebrae, promoveram
palestras sobre os mais variados temas, de gestão da propriedade a como preencher
o cadastro ambiental rural (CAR) e a manipulação de agroquímicos (a Andef
também se fez presente).
Para Albertini, com isso a agricultura familiar deixa de ser
vista pela sociedade como de subsistência e passa a representar um enorme
patrimônio do campo brasileiro, chamando a atenção dos governantes. Também
chama a atenção das empresas de máquinas e implementos, que realizaram bons
negócios na feira. A estreante Budny, do segmento de tratores, fechou 15
contratos, superando as expectativas do seu representante, Osmar de Souza. “Já
nos dois primeiros dias desta edição conseguimos superar nossa meta de vendas”,
comemora.
De acordo com o presidente da Fetaesp, ainda é necessário
levar ao agricultor familiar mais assistência técnica, através da extensão rural,
para que ele possa produzir melhor e organizar-se em associações e
cooperativas, para ganhar escala no mercado. Nesse sentido, a criação da
Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) – e a
crescente visibilidade do setor – são indicativos de que a agricultura familiar
não será lembrada apenas em 2014.
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