Fonte – Sistema Faep
Por Anotnio Senkoviski
Após quase 20 anos morando em grandes cidades, o agora produtor viu oportunidade no campo para aplicar tecnologia na propriedade da família QUALIFICAÇÃO Há dois anos, Marcelo Vieira de Andrade, 37 anos, era um dos 1,8 milhão de moradores da capital paranaense. Trabalhava em um grande banco, com uma de suas paixões, o setor de Tecnologia da Informação (TI). Mas desde sempre havia em seu peito uma outra palpitação que seu coração volta e meia resgatava: os tempos de piá na roça. O chamado ecoava especificamente de uma propriedade rural em Campina da Lagoa, na região Centro-Oeste do Paraná, município com 15 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Hoje, um deles é Marcelo.
“O meu pé é vermelho, sempre gostei muito daqui”, conta. Desde janeiro de 2017 ele está de volta ao município onde cresceu, na propriedade rural que pertence à família desde a década de 1970. Nos últimos anos, seu pai, Nelson Vieira de Andrade, 65 anos, vinha administrando o negócio ao lado da esposa Ana Bahls Fabrício de Andrade. Ao todo, são 250 hectares, a 17 quilômetros da cidade.
Em uma parte da terra (perto de 200 hectares) ocorre a produção de grãos. Há ainda três granjas para a criação de aves, nas quais são alojadas em torno de 80 mil frangos a cada lote. Desde a chegada de Marcelo à propriedade, alguns sonhos passaram a ser cultivados.
Para transformá-los em projetos, o agora produtor rural conta com a experiência do pai e a ajuda do SENAR-PR. “Posso dizer que tenho bastante experiência profissional, trabalhei com Tecnologia da Informação, que é uma área na qual tudo muda muito rápido. Vejo que a agricultura também tem sido influenciada por essa tendência e estou muito empolgado para me desenvolver nos próximos anos. Sei muito bem que a chave para o sucesso é a qualificação”, revela. Procurar o SENAR-PR foi um caminho natural para Marcelo, já que a entidade é uma referência entre produtores da região na promoção de cursos de qualidade.
O pai é um dos fundadores do Sindicato Rural do município, entidade que já presidiu. Esse fato ajudou a ter contato, desde pequeno, com histórias de qualificação e busca de conhecimento no campo. “Estou fazendo o Programa Empreendedor Rural (PER) e só tenho a agradecer por essa oportunidade. Os materiais trazem o que há de mais atualizado e a qualidade dos instrutores é muito boa. Inclusive já estou na lista para fazer a próxima turma do curso Manejo Integrado de Pragas (MIP) em soja”, aponta.
O curso em MIP soja é desenvolvido pelo SENAR-PR e vai para a terceira edição no ciclo 2018/19. A formação ensina um conjunto de técnicas de controle usado de forma integrada, cujo monitoramento constante das lavouras é uma ferramenta fundamental para determinar a melhor forma e a hora certa de entrar nas plantações com medidas de controle. Em áreas com MIP na safra 2016/17 foram necessárias, em média, apenas 1,9 aplicação de inseticidas para controle de pragas, enquanto que na média estadual o número fechou em 3,7 aplicações.
Em 2017/18 nas áreas de MIP foram 1,98 aplicação de inseticida contra 3,4 aplicações na média estadual. O produtor compartilha que os cursos têm sido importantes para que possa virar a chave de um profissional de tecnologia para um agropecuarista tecnificado capaz de unir as duas realidades. “Como fiquei muito tempo afastado da atividade, vim sem o background do agronegócio. A atividade agrícola, nesses quase 20 anos em que passei fora, mudou completamente. Eu estou fazendo a transição, acompanhando e participando de todos os processos necessários na propriedade e já percebo várias oportunidades de ajustes”, conta.
Tecnologia Apesar de ainda não ter participado de duas safras inteiras em Campina da Lagoa, Marcelo está empolgado com a possibilidade de unir sua paixão pela tecnologia e pelo campo. Segundo o produtor, no plantio, nos controles fitossanitários, na colheita ou na lida com as aves, são inúmeros insights de novas ferramentas que podem ser aplicadas em um futuro não muito distante. “Comecei a perceber que alguns equipamentos são oferecidos por marcas famosas a preços altíssimos, mas de soluções relativamente simples e que eu sei, pela minha experiência profissional, que têm baixo custo de desenvolvimento e implantação”, cita.
Por enquanto, Marcelo revela que está em uma fase de estudos, mas pela empolgação com que relata a sua nova rotina, será uma questão de tempo para que novas tecnologias brotem de Campina da Lagoa. “Tenho uma lista de possíveis projetos que vão servir, não só para a minha empresa, mas para propriedades vizinhas. A implantação dessas ideias está colocada para um segundo momento, após a conclusão dessa transição. Eu acredito que vai gerar ótimos frutos. O futuro está na tecnologia”, prevê.
|