Fonte Goionews
O Ministério Público do Paraná
está investigando a morte de um professor vítima de um acidente em uma estrada
rural de Braganey, no oeste do Paraná, ocorrido na quinta-feira, 6. Como não há
hospital na cidade, Marcos Sasse, de 26 anos, foi levado para o Hospital Santa
Simone, em Corbélia, mas o atendimento foi recusado, conforme afirmou o
enfermeiro da secretaria de Saúde de Braganey Sebastião Costa Alves. O
professor acabou morrendo.
Segundo o enfermeiro que
acompanhou a vítima na ambulância, o rapaz precisava ser estabilizado, mas o
médico, que também é dono do hospital, não avaliou o estado da vítima. “Eles se
alteraram bastante, dizendo que eles não tinham nada a ver com pacientes de
Braganey, que o paciente de Braganey tem que ser encaminhado para Nova Aurora
porque nosso hospital de referência é Nova Aurora. Eu disse: ‘doutor, eu não
posso sair com esse paciente daqui para Nova Aurora porque é um caso de fratura
exposta, e fratura exposta é risco de vida para o paciente, pois ele tem que
ser operado’. (...) Ele até riu da minha cara dizendo que uma perna quebrada
não era risco de vida para o paciente”, explicou.
Depois de ter percorrido 23 km de
Braganey até Corbélia, a ambulância seguiu mais 38 km até Nova Aurora, onde
fica o hospital de referência de Braganey. Lá, o paciente foi estabilizado, mas
pela gravidade dos ferimentos, foi encaminhada a Cascavel. Contudo, antes de
chegar à cidade, ele não resistiu aos ferimentos e morreu dentro da ambulância,
três horas após o acidente.
O advogado do hospital negou que
tenha havido negligência e disse que o paciente foi avaliado dentro da
ambulância. Para ele, colocar o rapaz dentro do hospital seria "perda de
tempo". “Reduzir fratura, no hospital de Corbélia fraturas expostas,
operar o abdômen no hospital de Corbélia, operar o tórax no hospital de
Corbélia, talvez uma neurocirurgia no hospital de Corbélia. É inviável. O que
ele chama de medicar o paciente? O que ele chama de medicar é atrasar”,
argumentou o advogado Jorge Trannin.
A família do rapaz afirmou que
quer Justiça. "O básico que eles deveriam fazer, cumprir com o juramento
da medicina deles, que é salvar vidas, eles não fizeram. Nesse momento, não
importa se era SUS ou se era particular. Eu venderia tudo para salvar a vida do
meu irmão", lamentou o irmão da vítima Marcelo Sasse.
A 10ª Regional de Saúde de
Cascavel informou na tarde de segunda-feira, 10, que na vai se reunir com a
equipe da secretaria de Saúde de Braganey para definir como vai ficar o
atendimento na cidade. Um levantamento deve ser encaminhado ao Ministério
Público e ao Conselho Regional de Medicina. A regional também afirmou que em
casos graves, como a do professor, o hospital credenciado de abrangência deve
atender e avaliar imediatamente o paciente, sem recusar.
(Fonte: G1/Paraná).