Diretoria do hospital
admite cobrança, mas não afastou médico do cargo.
Jovem pagou R$ 1 mil
para fazer cesárea, no hospital de Pitanga.
Do G1 PR, com informações da RPC TV Guarapuava
Pacientes afirmam que um médico, que atende no Hospital São
Vicente de Paulo, em Pitanga, na região central do Paraná, cobrou de pacientes
para realizar cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ele não foi afastado
do cargo, mesmo com a diretoria do hospital admitindo que as cobranças foram
feitas por parte do médico.
O Hospital São Vicente de Paulo é o único a atender pelo SUS
no município. A entidade atende, em média, 80 pacientes por dia pelo sistema.
De acordo com pacientes, pelas paredes do hospital há cartazes alertando sobre
a proibição em cobrar por procedimentos do SUS. Mesmo com os avisos, uma jovem
de 19 anos, que preferiu não se identificar, teve que pagar R$ 1 mil para fazer
uma cesariana pelo Sistema Único de Saúde.
“Ele falou que ia ser um parto difícil porque o bebê estaria
atravessado. Foi aí que ele cobrou. Ele pressionou bastante para pagar a
cesárea”, disse a jovem. Foi a mãe dela, que também não quis ter a identidade
revelada, que realizou o pagamento. “Ele me chamou na sala dos médicos e
perguntou se eu estava com o dinheiro. Eu falei que sim. Ele deu uma olhadinha
no corredor e pegou o dinheiro. Eu achei que ele ia contar, porque eram só
notas de R$ 50. Ele nã contou, do jeito que ele pegou na minha mão, ele colocou
no bolso. Ele já ganha pelo SUS, que ele me devolva meus R$1 mil”, explicou a
mãe.
A lei que regulamenta o SUS determina que as instituições
credenciadas no sistema são proibidas de cobrar por procedimentos como exames,
consultes e cirurgias. A cobrança indevida pode ser denunciada na Secretaria de
Saúde do município ou do estado, no Ministério da Saúde ou na Polícia Civil.
Além disso, a lei prevê que o médico também pode responder criminalmente por
obter vantagem indevida pela função que exerce.
O médico que fez a cobrança, o clínico-geral Paulo Marcelino
Andreolli, disse não irá falar sobre o assunto. "Eu não tenho nada a
declarar sobre isso. Só vou falar em juízo. Assim eu não vou falar nada",
disse à RPC TV, por telefone.
A diretora-geral do hospital, Iracema Vujanski, afirmou que
já sabia de outros casos em que o Andreolli teria cobrado por procedimentos do
SUS. "Ele cobrou alguns procedimentos cirúrgicos. Ele não poderia ter
cobrado. É ilegal", afirmou. Já o provedor do hospital, Paulo Francini,
alegou que o médico não foi afastado porque teria devolvido o dinheiro a alguns
dos pacientes. Ele afirmou ainda que não teria ninguém para substituir o
clínico geral. "Direção que acompanha aqui, sabendo desses casos, vai
atrás. Soubemos da primeira vez e houve um comprometimento, houve uma palavra e
então, a gente acreditou, até porque precisávamos do trabalho, da mão de obra
desse profissional", disse o provedor.
Link para matéria:
http://g1.globo.com/pr/campos-gerais-sul/noticia/2014/01/pacientes-afirmam-que-medico-cobra-por-servicos-do-sus-no-parana.html