Por Walter Pereira – Tribuna do Interior
Sobre o processo de compra de votos, que tramita no Tribunal
de Justiça do Paraná (TJ-PR), para beneficiar a eleição de candidato a
presidência da Câmara de Vereadores em Campina da Lagoa, o secretário de
Administração, Omar Araújo, citado na denúncia, disse que o caso foi ‘armado’
para prejudicar a prefeita do município Célia Cabrera (PRTB).
O TJ acatou por unanimidade denúncia-crime contra a prefeita,
o secretário, o ex-vereador Marcio Jean e um empresário da cidade. Eles são
acusados de compra de votos de dois vereadores com intuito de eleger o então
vereador Mozart Antonio Pereira, atual vice-prefeito, à presidência da Câmara
para a gestão 2011/2012.
Segundo o Ministério Público (MP), que ofereceu a denúncia ao
TJ, o esquema só não se consolidou porque os dois vereadores procurados não
aceitaram a proposta e entregaram os cheques para a promotoria. “Foi feita toda
esta armada porque era adversário tentando nos prejudicar”, defendeu-se Araújo,
se referindo aos ex-vereadores Sérgio Antônio Ramos e Marcio Fernandes
Calderari, que entregaram os cheques ao MP.
O secretário informou que a eleição, na época, era chapa
única. Segundo ele, a intenção dos denunciantes era envolver o nome de Célia no
escândalo para torná-la inelegível para a eleição seguinte (2012), a qual
disputaria a reeleição. “Como você ia comprar voto para presidência se a
eleição era chapa única”, questionou.
Araújo acredita que conseguirá provar ao TJ que não houve
irregularidade. “Foi tudo armado”, ressaltou. “Já fizemos a defesa e o nosso
próprio advogado tem nos falado que podemos ficar tranquilos”, frisou. Sobre a
entrega dos cheques a Sérgio, o secretário informou que não era pagamento de
voto. “Isso só na cabeça dele”, argumentou, reforçando que os cheques
repassados ao ex-vereador era o pagamento de contrato de compra e venda de
sacos de cimento, areia e pedra, que originou uma dívida de R$10 mil.
O secretário lamentou que desde que Célia entrou para a
política vem sofrendo perseguições no município. “Ela surgiu do nada, ganhou a
eleição quebrou um tabu de vinte anos, se reelegeu e vem sendo perseguida por
isso”, criticou o secretário, acrescentando que está aberto a esclarecer o caso
à justiça. “Estou tranquilo e com a consciência limpa”, falou.
A denúncia foi entregue ao MP em 2010. Os réus foram
enquadrados no crime de corrupção ativa. Segundo a promotoria, eles teriam
oferecido a quantia de R$10 mil para cada vereador; R$5mil em espécie e mais
R$5 mil em cheque. Segundo consta no processo, os acusados teriam procurado os
vereadores para o esquema em novembro de 2010, a eleição aconteceu em dezembro.
O contato com eles para a negociação teria ocorrido no próprio gabinete de
Célia. Conforme a promotoria, os cheques emitidos tinham como titular da conta,
a loja de confecções do cunhado de Mozart, que repassou as folhas ao vereador
Sérgio, mesmo não havendo nenhuma dívida ou negócio comercial firmado com o
mesmo.