Por Germano Rorato / Agência RBS / Agência O Globo
Apesar das baixas temperaturas e das geadas que afetaram
diversas regiões do Sul do país na madrugada desta quarta-feira (24/7), o
impacto na agricultura não foi tão intenso quanto se esperava. Pelo menos até
agora. Em algumas regiões, pode acontecer justamente o contrário: o frio pode
ajudar a maturar os grãos de trigo e milho e aumentar a qualidade dos
nutrientes.
A geada atingiu 15 cidades do Rio Grande do Sul e 15 em
Santa Catarina. No Paraná, 44 municípios estão com temperaturas abaixo de 0ºC.
No entanto, ainda é cedo para mensurar o impacto real das geadas na produção.
Cooperativas da região irão levar de uma semana a dez dias para fazer uma
avaliação completa da produção na região.
No Estado gaúcho, a geada não trouxe grandes danos às
culturas de trigo ou cevada, segundo Fernando Geraldo Martins, coordenador
técnico da Cotrijal. Por causa das chuvas do mês de junho, o plantio começou
com atraso. Por isso, a produção está em estágio precoce e menos sensível ao
frio ou à neve. No período atual, que é de perfilhamento e alongamento dos
grãos, a geada inclusive favorece a qualidade do trigo. A espiga ainda esta
protegida e os grãos maturam melhor por causa do frio, acumulando mais
nutrientes.
Segundo Martins, o gelo já havia derretido dos campos pela
manhã desta quarta-feira (24/7), o que diminuiu os danos. O frio intenso
atrasou apenas a aplicação de uréia e de herbicidas, “mas nada que comprometa a
produção”, diz Martins.
Em Santa Catarina, o impacto também não foi tão intenso.
Pelo contrário. Para Romeo Bet, presidente da Coorperativa Agroindustrial Alfa
(Cooperalfa), “a geada foi até benéfica, porque veio na época certa”. No oeste
de Santa Catarina, as terras estão no período entressafra; a colheita já
ocorreu e os produtores estão aguardando o inverno para um novo plantio. Na
região, não há grande produção de frutas e hortaliças.
No Paraná, há diversas culturas em estágios de maturação
diferentes, o que dificulta a tarefa de contabilizar o impacto das geadas. Nas
lavouras de trigo em estágios de florescimento ou de grão leitoso o prejuízo
será maior, segundo Emerson da Silva Nunes, coordenador técnico de culturas
anuais da Cocamar.
A produção de milho já estava mais avançada. As geadas
queimam o grão, que começa a brotar antes na espiga, antes da colheita. Isso
interfere na qualidade do grão, mas não na sua produtividade. Sobre a produção
do café, Nunes avalia que os municípios de Carlópolis, Umuarama e Antônia,
entre outras regiões cafeeeiras, foram bastante atingidos e a produção do
próximo ano pode ser afetada.