Ruderson Ricardo/Gazeta do Povo
Autor: Igor Castanho
Com mais de 100 mil hectares plantados (34% a mais do que em
2012/13), o ciclo da soja safrinha terminou oficialmente no último domingo (15)
no Paraná. A data corresponde ao início do período do vazio sanitário, que
restringe por 90 dias o cultivo da oleaginosa no estado. Os campos
remanescentes foram colhidos nas últimas semanas e a avaliação é de que não
deve haver aumento no número de autuações por desrespeito à regra neste ano.
Tratada com uma opção de risco pelos técnicos – devido à
possibilidade favorecer a disseminação de pragas e a resistência a defensivos –
a expansão da segunda safra de soja foi favorecida pela perspectiva de baixos
preços para o milho, que costuma ser carro-chefe do plantio no período. No
campo, os resultados da aposta ainda são incertos. “A safrinha é uma incógnita
para todo mundo. Tem produtividades variando entre 15 e 90 sacas por alqueire
[6 e 37 sacas/ha]”, detalha José Sismeiro, presidente da Associação dos
Produtores de Soja do Paraná (Aprosoja PR).
A oscilação pesou sobre as médias de produtividade da soja
paranaense no último levantamento de safra da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab). A estatal calcula que a safrinha está com rendimento
médio de 28 sacas por hectare (1,7 mil kg/ha), fazendo com que a média geral do
Paraná (incluindo a safra de verão) fosse recuada a 48 sacas/ha (2,9 mil
kg/ha).
Apesar das previsões de baixa, há quem considere a aposta na
safrinha positiva. Em Campina da Lagoa (Centro do estado), o agricultor Carlos
Favarão terminou a colheita de 220 hectares na semana passada, e registrou
produtividade média de 40 sacas por hectare. “O desempenho foi bom, cobriu os
custos. E parte da produção poderá ser utilizada como semente na próxima
safra”, revela.
Dentro do prazo
Na avaliação dos técnicos, não haverá necessidade de eliminar
lavouras de soja para respeitar o vazio sanitário. “O clima vinha bem até a
ocorrência das últimas chuvas, então provavelmente a maioria das lavouras foi
colhida dentro do prazo”, indica Marcelo Garrido economista do Departamento de
Economia Rural, vinculado a Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab).
Até o fim de maio 37% da área havia sido colhida, indica o balanço mais recente
da Seab.
Durante o mês de maio, técnicos da Agência de Defesa
Agropecuária do Paraná (Adapar) notificaram produtores que ainda tinham
lavouras de soja, alertando para o início do vazio. A partir de agora quem
descumprir a determinação será autuado e as multas podem passar de R$ 10 mil,
revela Maria Celeste Marcondes, da gerência de Sanidade Vegetal da entidade.