Por Clodoaldo Bonete
A Polícia Civil de Campo Mourão convocou a imprensa ontem para
apresentar a versão oficial sobre o brutal assassinato da jovem Tatiane
Jezualdo, 25 anos, em Ubiratã, no início deste mês. O delegado-adjunto da 16ª
Subdivisão Policial, Marino Marcelo de Oliveira disse que até o momento as
informações estavam muito desencontradas. “O objetivo é desfazer alguns boatos
e dúvidas”, disse o delegado. O nome do autor do crime, Anderson de Oliveira,
28 anos, também foi divulgado oficialmente pela polícia. Ele está preso em cela
especial na 16ª SDP, acusado de matar, esquartejar o corpo e jogar as partes no
Rio Carajás, em Ubiratã.
Uma das novidades apresentadas pelo delegado foi a revelação de um
vídeo gravado pelo autor do crime em seu celular, em que a vítima aparece
apenas com roupas intimas. Em uma parte ela aparece sem o sutiã, segundo Marino
e implora para não ser agredida e morta. “Ela
chega a perguntar se ele vai matá-la e implora para não ser judiada. No
entanto, nem chegamos a ver muito esse vídeo para evitar qualquer tipo de dano
a essa prova. Encaminhamos para a polícia técnica que ficará responsável para
uma melhor análise”, afirmou. Sobre informações já divulgadas por alguns
órgãos de imprensa de que o vídeo continha cenas em que Tatiane era obrigado a
praticar sexo oral no agressor, o delegado diz que tudo não passa de boatos.
“Isso não existe. ”
O vídeo foi feito dentro do carro de Anderson, um Corsa de cor
branca, com o qual ele deu carona para a vítima, após ela sair de casa para
pegar uma van para ir ao trabalho. Os dois trabalhavam na cooperativa Unitá, de
Ubiratã e por isso a jovem não hesitou em aceitar a carona, pois o rapaz nunca
deu nenhum tipo de demonstração de que pudesse fazer o que fez. “Eles não trabalhavam no mesmo setor da
empresa, mas se conheciam há muito tempo, porém nunca tiveram nenhum tipo de
relação”, disse Marino.
A motivação do crime ainda é uma incógnita para a polícia. Anderson
alega que matou Tatiane porque ela mantinha uma foto ou vídeo de um carro da
empresa que ele havia atolado. Como não tinha autorização da empresa para sair
com o veículo, o rapaz temia que a foto pudesse comprometê-lo no trabalho, caso
a jovem passasse a seus superiores. “Essa
versão deixou de ter sentido no momento em que fomos à empresa e tivemos a
confirmação de que o carro foi mesmo atolado por ele, mas o próprio Anderson
comunicou o fato no trabalho. Por isso não tinha por que temer essa suposta
ameaça da moça. O problema é que ele não colabora com as investigações e só
confirma a verdade dos fatos depois que a gente descobre provas. Foi assim
desde o início, quando disse que a Tatiane morreu de ataque cardíaco e só
confessou o crime após encontrarmos o tronco da vítima no rio”, relatou o
delegado.
Após Tatiane entrar em seu carro, Anderson declarou à polícia que
pegou a rodovia em direção a Cascavel porque queria dar um susto na jovem. No
início disse que ela morreu de infarto, mas quando o tronco do corpo apareceu
no rio, o rapaz mudou a versão. Disse que após parar perto do Rio e discutir
com ela, decidiu matá-la esganada. Em seguida pegou o corpo e levou até uma
propriedade onde morou por muito tempo, próximo ao Rio Carajás, onde
esquartejou o corpo com um facão e jogou os pedaços no rio. “Ele disse que tentou queimar o corpo usando
as roupas da vítima e alguns galhos de árvores, mas como não conseguiu destruir
tudo, decidiu jogar as partes no rio”, contou o delegado.
Depois do crime, voltou para a cidade e enviou uma mensagem pelo
celular de Tatiane à mãe dela, dizendo que tinha ido a Cafelândia. A família
ficou desconfiada, acionou a polícia e o rapaz acabou preso. Os bombeiros, após
várias buscas no rio resgataram o tronco, um braço com antebraço e parte de uma
das pernas da vítima. No sábado passado a família fez o velório e sepultamento.