Fonte: Sistema Vale
A história do município de Ubiratã tem ligação íntima com a congregação dos Padres Jesuítas, a Companhia de Jesus. Os jesuítas desembarcaram às margens do Rio Piquiri muito antes da emancipação do município em 1961. Eles construíram a primeira capela em 1956 na localidade chamada Santo Inácio e permanecem na administração da única paróquia do município até hoje. Porém, a permanência deles em Ubiratã pode estar com os dias contados.
Ubiratã é o último legado dos Jesuítas na Diocese de Campo Mourão. Os padres da Companhia de Jesus já comandaram as paróquias de Campina da Lagoa, Juranda, Boa Esperança e Mamborê, todas entregues a padres diocesanos há mais de 10 anos. E se confirmada a saída, restarão apenas quatro paróquias no Paraná administradas pelos Jesuítas, uma delas em Cascavel, a Santo Inácio de Loyola, no Bairro Brasmadeira. Outras duas são em Curitiba e uma em Londrina.
Uma reunião realizada na noite dessa quarta-feira com a presença do superior dos Jesuítas no Brasil, padre João Renato Eidt, deu início a um debate com a comunidade sobre a saída definitiva dos Jesuítas. Cerca de 100 pessoas, incluindo o prefeito Haroldo Fernandes Duarte, participaram da reunião. Em agosto, o superior dos Jesuítas deve se encontrar com o novo bispo da diocese, Dom Bruno Eliseu Versari, para tratar do assunto.
Para um dos principais líderes de pastorais da Paróquia, Daniel Garcia, a probabilidade dos Jesuítas permanecerem em Ubiratã aumenta com a chegada do novo bispo. Segundo ele, Dom Bruno se mostrou mais aberto ao diálogo que seu antecessor, Dom Francisco Javier Paredes.
Pesa contra a permanência dos Jesuítas em Ubiratã a falta de padres dessa congregação no Brasil. De acordo com Eidt, boa parte dos religiosos jesuítas está aposentada. Além disso, ocorre uma queda acentuada no número de novas vocações religiosas. Por conta dessa carência de vocações, a Companhia de Jesus está pedindo o desligamento de seus religiosos dos trabalhos paroquiais. A prioridade hoje é o setor educacional. Os Jesuítas administram dezenas de instituições entre as quais colégios e universidades.
Além disso, Dom Francisco Javier teria manifestado ao padre João Renato Eidt interesse de encerrar o ciclo dos jesuítas e de outras congregações religiosas na diocese de Campo Mourão. O objetivo é entregar o mais rápido possível as paróquias que ainda estão sob a tutela de religiosos a padres diocesanos.
Por outro lado, pesa também na decisão o interesse do pároco local, Padre José Elias Feyh, de permanecer em Ubiratã. O jesuíta administra a Paróquia Santo Antônio desde 2009. Nesses oito anos, sua participação em projetos de grande alcance social foi decisiva. O mais importante, a transformação de um hospital entregue ao município que estava preste a ser fechado em Santa Casa. E a seu favor também, a manifestação da comunidade católica de Ubiratã.